O 3D está na moda agora. Depois de Avatar, todas as produções cinematográficas estão pegando carona na tendência de filmar com o uso dessa tecnologia. E a mais nova obra fruto dessa inovação é Resident Evil: Afterlife, quarto filme da saga baseada nos jogos de videogame.
Para começo de conversa (ou crítica), devo dizer que o melhor adjetivo para o filme seria lixo presunçoso! Durante toda a campanha de divulgação diziam que seria usada a mesma tecnologia de Avatar, que seria um 3D magnífico. Mas o que era para ser o chamariz conseguiu tornar-se um dos inúmeros problemas da obra. Absolutamente todas as cenas são pretexto para o uso do 3D.
A quantidade de cenas desnecessárias é tão grande que em certo ponto, estava até me preparando para a hipótese de haver uma cena em que a protagonista jogasse ping-pong no meio de uma perseguição com zumbis, só para que a bolinha fosse filmada com o efeito. Prova disso é uma determinada cena (que aparece no trailer) na qual o vilão Wesker arremessa seus “óculos escuros” (!!!) nos seus oponentes. Tudo pelo 3D... Cansa o bom senso!
Não que eu estivesse esperando uma obra-prima. Ainda mais se tratando da franquia Resident Evil, que conseguiu emplacar uma sequência de um filme pior que o outro. Lembro-me claramente do ano de 2002 e da expectativa de ver a primeira adaptação cinematográfica do homônimo jogo. Sempre fui fã dos games desde a época do Playstation One e quando a saga ainda se chamava Bio Hazard. Porém, depois de ver o primeiro filme, fiquei com aquela sensação de que o diretor Paul W. S. Anderson não havia nunca sequer pegado em um maldito joystick ou visto o jogo em toda a sua vida.
Então, partindo desse pressuposto, já esperava um lixo. Porém minhas expectativas não chegaram a um nível tão baixo a ponto de impedir de me frustrar mais uma vez. O roteiro do filme é fraco (se é que existiu um roteiro) e as atuações são rasas e previsíveis. Imagino o roteirista entregando simplesmente uma folha de roteiro aos produtores com uma frase escrita: “Cenas toscas de ação, desrespeito aos fãs e muito 3D inútil”.
Não são só uma ou duas cenas que extrapolam a tosquice. Absolutamente todas elas são de um mau-gosto notável. A impressão é que ninguém avisou o diretor que as cenas em “bullet time” já foram usadas em exaustão nos cinemas desde Matrix e agora elas simplesmente não têm mais graça. Dessa forma, o novo recurso do 3D é usado para filmar velhas idéias. A todo momento coisas são jogadas na câmera para salientar que estamos diante de uma obra em terceira dimensão.
E voltando ao roteiro, os coadjuvantes Claire e Chris Redfield (interpretados por Ali Larter e Wentworth Miller) que deveriam ser o ponto alto do filme, já que são personagens famosos nos jogos, simplesmente não acrescentam nada na película. Se os personagens morressem nos primeiros quinze minutos ou se simplesmente não aparecessem, não surtiria diferença alguma.
Por fim, se você está a fim de ver um filme sem conteúdo algum, no qual tudo é pretexto para explosões e objetos voando na tela, deixe que um zumbi coma seu cérebro e seja bem-vindo. Já você que espera da sétima arte um mínimo de bom senso e respeito com o espectador, passe longe desse vírus!
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